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A vila em ruínas

 

Estão a terminar as obras de construção da avenida marginal (a denominação é minha) e do jardim anexo. Um espaço abandonado que, em boa hora e felizmente entendeu o Município recuperar, depois da saída do campo de jogos. Uma atitude de aplaudir e que bastante vem dignificar a parte Oeste da Vila. Há muito que se impunha mas, como diz o velho adágio, “tarda é o que nunca chega”. E ainda bem que chegou . Os lajenses, na generalidade, estão satisfeitos, pelo menos aqueles com quem tenho trocado impressões acerca do novo empreendimento. Mas não basta ficar por aqui. Iniciou-se uma obra que há que continuar.  Naturalmente que os técnicos trabalham na elaboração dos respectivos projectos. No entanto há que algo lembrar do muito que se tem dito e escrito sobre a parte histórica, é assim que agora se diz por toda a parte, da vila mais antiga da ilha.

Refiro os monstrengos que para aí existem abandonados e a causar perigo aos transeuntes.

A casa da Maricas do Tomé já está entaipada mas isso não evitará uma derrocada e as pessoas que possam ser atingidas. O mesmo acontece com as duas casas que pertenceram ou pertencem à “Planipico”, ambas já sem tecto, uma delas de traça do século XVII/XVIII. E não menos perigosas são as ruínas da casa que da Feliciana, em cuja empena sul existe um “Passo”, propriedade da Misericórdia, como são todos os outros. Outras casas vão caminhando para esse inglório destino. Na rua principal da vila há a antiga “Casa da Alfandega”, propriedade do Estado, há anos encerrada. O que lhe vai acontecer? E já não refiro as ruas transversais...

Julgo que, segundo a legislação, a autarquia tem competência para impor obras ao proprietário ou expropriar o prédio e, depois, dar-lhe o destino que julgar mais acertado.

Mas expropriar para ficar abandonada como a da já histórica “casa da Maricas do Tomé” que, ao que sei, pertence hoje ao Município, não vale a pena.

Sei que não apenas nas Lajes do Pico existem prédios em ruínas e abandonados. Outras terras há, em Portugal, que nos centros de várias cidades, existem igualmente prédios degradados e abandonados. Mas isso pouco nos importa. Tratemos do que é nosso, pois nas eras que passam, a “inter-ajuda” é somente uma palavra de retórica.

Com a construção do novo arruamento há que promover a melhor regulamentação do trânsito, retirando o estacionamento de viaturas da rua principal (não se compreende o estacionamento em espinha em frente da Casa da Maricas do Tomé) e fazendo nela a circulação nos dois sentidos, para que os visitantes possam admirar o centro histórico e bons prédios que ainda existem.

No novo arruamento (chamo-lhe assim porque ainda não tem denominação) o trânsito deve ser regulamentando não se permitindo o estacionamento de veículos de carga, como já vai acontecendo, o que retira a beleza daquele espaço e a vista sobre o futuro jardim. Para os veículos pesados ou de carga pode destinar-se o parque da rua Direita, por detrás da Caixa Geral de Depósito, ou em outro que melhor convenha.

Afinal, pequenas coisas de grandes efeitos, ao que julgo.

E por hoje apenas estes reparos, para que a tempo, e antes de se criarem hábitos, tudo seja convenientemente regulamentado.

Há anos fui à Europa. Passei por várias cidades que, anos antes, haviam sido destruídas pela metralha da  guerra. Estavam completamente recuperadas e nada “diziam” do seu passado bélico.

Por cá não houve guerras nem revoluções que destruíssem os prédios urbanos. Felizmente!

Mas a incúria e o abandono têm feito destruições enormes. Causa pena!

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